Imagem: DIVULGAÇÃO |
Isso tem um motivo e por mais que Kubrick não fosse
exatamente um doce de pessoa, ele também não era a figura controladora e
obsessiva que pintavam dele e é isso que Gregory Monro, diretor de “Kubrick por
Kubrick” quer mostrar, um pouco mais do que um dos diretores mais influentes da
história de fato era.
Com curtas uma hora e treze minutos de duração, vemos através de entrevistas de Kubrick, cedidas por ele a Michel Ciment, como a mídia estadunidense ajudou muito nessa construção da imagem do diretor que temos até hoje, apenas porque ele quis abandonar Hollywood e sua indústria, de forma a ter mais liberdade de filmagem (e dinheiro), indo trabalhar na Inglaterra.
De certa forma, vemos esse documentário como uma defesa póstuma
de Kubrick a essa imagem que criaram dele, não que ele ligasse para essa
construção, já que era um diretor recluso por livre e espontânea vontade, mas
levando em consideração que a maioria das pessoas apenas escutou um lado da
história, o documentário se torna importante nesse ponto.
Mas também se torna importante como objeto de estudo cinematográfico,
pois, como já dito, Kubrick era recluso, o que o levou a dar pouquíssimas entrevistas
durante sua carreira de 40 anos e 13 filmes, logo, ouvir a voz do diretor
respondendo as perguntas de Michel Ciment, de forma atenciosa e detalhista, é
algo muito bom para quem se importa com cinema de fato.
Hoje em dia, muitos daqueles que dizem gostar de cinema e
que dizem estudar cinema, ignoram o trabalho de Kubrick, apenas pelo simples
fato dele ter caído no gosto do público comum e virado, dadas as devidas
proporções, “modinha”. Se esse documentário cumprir seu propósito, esse tipo de
“estudioso” e o espectador, perceberá que a popularidade de Kubrick não era a toa,
mas é devido a uma dedicação inegável a ter qualidade no seu trabalho.
Logo, vemos como ele era perfeccionista, mas não exatamente
controlador de forma excessiva (por mais que fosse bem controlador) e que ele
sabia bem o que queria quando dirigia e sabia exatamente o que queria de sua
equipe, para comprovar isso, é só reparar no depoimento de Malcolm McDowell
(protagonista de “Laranja Mecânica”) .
Assim, “Kubrick por Kubrick” valeria a pena de qualquer
jeito pura e simplesmente por trazer mais material de estudo relacionado a um
dos maiores diretores da história, mas temos, felizmente, o acréscimo de trazer
uma certa desconstrução do diretor aliada a esse novo material de estudo
adquirido nas entrevistas feitas por Ciment.
P.S.: Há um livro chamado “Conversas com Kubrick” (Relançado apenas como "Kubrick"), escrito
por Michel Ciment, onde essas entrevistas estão disponíveis para leitura.
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