10/20/2020 12:00:00 AM

Crítica: Mamãe, mamãe, mamãe


Mamãe, mamãe, mamãe
Imagem: DIVULGAÇÃO

Apesar de a casa estar cheia, inclusive com muitas meninas da sua faixa de idade, Cléo, que deve ter seus 11 anos aproximadamente, está sozinha e não só está assim, mas como se sente assim, pois talvez ela seja a única de todas aquelas meninas que entenda o motivo da casa estar cheia. 

Dirigido e escrito por Sol Berruezo Pichon-Riviére, “Mamãe, mamãe, mamãe” conta a história de uma mãe que acabou de perder sua filha, que morreu afogada na piscina de casa. Vemos isso não pelo ponto de vista da adulta, mas sim pelo ponto de vista das crianças, que incluem Cléo (a protagonista real) e suas primas, todas entre 11 e 15 anos. 


Vemos a história através do ponto de vista das crianças, o que torna o filme minimalista de certa maneira, pois as meninas não entendem o que está acontecendo e os motivos de elas verem alguém que foi tão vivo antes (a mãe para algumas, a tia para outras) se rendendo a tristeza.

Da mesma forma que essa experiência faz parte do crescimento delas e de aprender a lidar com algo inevitável, que chegará para todos nós. Assim, não é sem motivo que vemos as mulheres adultas muito pouco, pois o aprendizado de lidar com a morte é algo que, em geral, é adquirido de maneira solitária.

Por focar nas meninas especificamente, a duração curta do filme se revela a certa. Durar uma hora e cinco minutos ajuda na construção do ritmo e faz com que a obra não se torne tediosa, o que contribui para a trajetória de crescimento que o espectador é convidado a acompanhar.

Não vemos apenas a primeira experiência de um grupo de pré adolescentes com a morte, vemos também primeiras experiências em relação a auto descobertas, sejam essas físicas ou psicológicas. Se Cléo se dá conta de que nunca mais será a mesma após perceber a presença da morte, Leo (a mais nova do grupo) entende e não entende o que acontece e Nerina (a mais velha do grupo) tenta esquecer o que se passa cuidando do corpo e fazendo testes em revistas estilo Capricho.

O minimalismo da morte unido a esses pontos é algo que torna o sofrimento visível apenas quando as meninas veem a mãe ou a tia sofrendo, por elas não entenderem a morte, o filme se torna uma boa forma de explicar como cada um lida com esta de maneira diferente e apesar do sofrimento ficar mais implícito do que explicito, “Mamãe, mamãe, mamãe” consegue transmitir o que quer do jeito que quer, com segurança e inteligência.

Um comentário:

  1. Tema interessante e fato inevitável. O "legal" é que a firma demonstrada é inusitada.

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