Imagem: DIVULGAÇÃO |
Então, “Meu nome é Bagdá” se torna um manifesto pela
liberdade e um manifesto pela liberdade através do esporte, já que Bagdá (Grace
Orsato) é uma jovem que está em processo de autodescoberta e de busca pela
liberdade, sendo que ambas ela encontra através do skate e principalmente,
através das amizades femininas que tem, que foram em sua maioria iniciadas
através desse esporte.
Dirigido e escrito por Caru Alves de Souza, vemos Bagdá em busca dessa liberdade e em sua jornada de crescimento, andando de skate no bairro da Freguesia do Ó (em São Paulo) e vivendo com sua família, formada por sua mãe e mais duas irmãs (uma mais velha e outra mais nova).
Através dessa obra, o espectador percebe (caso ainda não
tenha percebido por má vontade ou por não saber mesmo), que jovens negros e periféricos
tem que lutar por sua liberdade e buscar encontra-la de formas não
convencionais (para uma pessoa que sempre foi rica, claro), como por exemplo o
esporte.
Não a toa, a diretora usa o skate como ferramenta e não
apenas como traço de personalidade de Bagdá. A câmera fluida e quase sempre se
mexendo, assim como a personagem principal andando de skate, mostra como a vida
está sempre em movimento. As imagens isoladas do grupo andando de skate assumem
um ar documental que está presente em todo filme, também representando esse
movimento.
Esse ar documental é interessante pois, por mais que tenha
uma narrativa fictícia, ela não é de todo fictícia. Além de ser comum, na
rotina da periferia, jovens andando de skate, também é comum todas as coisas
ruins que acontecem no dia a dia, por exemplo, abuso policial, como vemos
em uma cena do filme.
Ou o assédio sexual, que gera o conflito final entre Bagdá e
um skatista, mas serve também para mostrar como as mulheres podem e devem se
unir para lutar contra o assédio e para fazer nós homens refletirmos sobre
atitudes que tomamos no dia a dia, como, por exemplo (e é algo que acontece
durante as 1h40 de projeção), ser amigo de alguém que vemos se comportar de
maneira errada com frequência.
Porque, não adianta nada postar em rede social e não ter uma
atitude prática sobre, da mesma forma que não adianta nada usar o skate para
conquistar sua liberdade pessoal, mas também usar o skate para limitar a
liberdade de outra pessoa, no caso, Bagdá e as outras jovens pertencentes ao
grupo delas.
Caru Alves de Souza consegue expor a rotina da periferia ao
mesmo tempo em que faz um retrato breve (até porque, como fazer um retrato
detalhado em 1h40?) de como é ser jovem, negra e periférica em São Paulo e no Brasil
como um todo. Claro que esse retrato também se estende a homens negros, mas, o
ponto principal aqui é a trajetória da protagonista.
Assim, “Meu nome é Bagdá” é um dos destaques nacionais do
ano não apenas por mostrar uma jornada de liberdade, mas também por mostrar
como essa jornada é difícil e que temos que nos unir, nós homens, para refletir
e entender que caso o nosso comportamento não seja mudado, o sistema não vai
mudar nunca.
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