Imagem: DIVULGAÇÃO |
Único motivo que temos para isso é a pressão sofrida pelo
personagem na sua profissão. Y é um diretor de filmes, que foi a uma cidade
pequena em Israel para um debate pós exibição de seu novo trabalho. Nessa
viagem – que acompanhamos por 1h50 – vemos a trajetória do diretor em busca de
felicidade e alívio, em meio as dúvidas que envolvem o seu trabalho e a situação
política do país.
Talvez isso seja metalinguístico, não posso afirmar, claro, mas imagino que todo realizador sinta muita pressão quando está fazendo um filme, no caso de Y, essa pressão é latente e exageradamente expressiva, já existente há um tempo como o próprio personagem diz, devido ao seu período no serviço militar.
Mesmo a pressão estando claramente ali, vemos algo verborrágico,
que fala demais sobre tudo e todos, mas não desenvolve pensamento algum. O espectador recebe um personagem principal vazio, que sempre diz muito, mesmo
sem ter nada de relevante a dizer e consciente de que o silêncio é a melhor
alternativa e insiste em expressar algo que ninguém sabe o que é,
nem ele.
Isso se reflete em uma câmera de movimentos rápidos e
desorganizados, assim como o protagonista, que não dá nada ao filme a não ser
uma impressão dele estar perdendo o ar a todo momento. As ideias inspiram, soltam o ar de
maneira ofegante e assim sucessivamente, em meio a uma paisagem desértica e a
conversas do protagonista com a organizadora da exibição e com outros
personagens ligados a seu trabalho.
Esses personagens, nos quais a felicidade citada no primeiro
paragrafo está contida, são menos vazios que o protagonista, mas também verborrágicos,
mesmo que ofereçam pontos de vista diferentes para uma obra sem ideias, nunca
vemos a ideia de pressão inicialmente apresentada, de felicidade efêmera (também
apresentada no inicio), sendo desenvolvida de fato, o que vemos é uma série de diálogos
que não vão para lugar nenhum.
Assim como em “Sinônimos”, onde vemos um personagem buscando
se encontrar em um novo país, sem ter nenhum conhecimento do idioma desse
local, “Ahed’s Knee” é um filme que não parece ter conhecimento do poder que
concentra. O ponto de partida, político e filosófico da obra de Lapid é
interessante, mas fica difícil se envolver na obra ou sentir algo quando o que
vemos é um protagonista pedante, que escolhe de livre e espontânea vontade
colocar a própria pressão em cima dos outros, ao invés de lidar (ou não) com
isso por conta própria ou ser humilde o suficiente para pedir ajuda.
O sentimento descrito acima e o fato de nenhuma das ideias
ter sido desenvolvida, faz de “Ahed’s knee” um filme sem sal em meio a uma
história com atrativos, mas que perde o folego a todo momento.
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