7/11/2022 12:00:00 AM

Crítica: Elvis

Elvis
Imagem: DIVULGAÇÃO
Logo no início de “Elvis”, o novo filme dirigido por Baz Luhrmann mostra exatamente a história que deseja contar ao público pelas próximas 2h40, a de Coronel Tom Parker (interpretado por Tom Hanks) e de como ele enxerga Elvis (Austin Butler) e sua carreira musical de sucesso astronômico.

Percebemos isso devido a narração em off feita pelo Coronel, empresário do cantor, mas também porque está muito claro que nunca teremos o ponto de vista de Elvis (por mais que seja um filme biográfico dele), o que teremos é apenas o Coronel Tom Parker contando a história de seu cliente desde o começo.

São várias as histórias contadas, isso é uma qualidade e ao mesmo tempo algo prejudicial ao ritmo do filme. Se quanto mais histórias sabemos do cantor (mesmo que não seja pelo ponto de vista dele), mais descobrimos sobre ele, essas histórias nunca são desenvolvidas, o que passa a impressão de estarmos vendo esquetes, com personagens diferentes em momentos diferentes da vida de Elvis.

Elvis é um personagem dentro da história que o Coronel Tom Parker conta dele e esse personagem é interpretado por um Austin Butler que faz o que pode dentro do dinamismo do filme, que nunca oferece uma pausa para sabermos quem Elvis é, apenas temos o nosso conhecimento prévio dele e isso não muda após vermos o filme.

Um cantor talentoso que muda a história do rock e encanta várias audiências com suas músicas e movimentos explosivos no palco. O filme aborda a Beale Street em Memphis (que o cantor frequentava e foi local onde B.B King nasceu para o mundo), ele aborda a vida familiar do cantor e sua paixão por Priscilla, mas nunca de maneira suficiente a fazer o público sentir algo, sempre em busca do criar algo grandioso, que nunca vem.

Baz Luhrmann é um diretor que busca esses momentos grandiosos em seu cinema de maneira constante e esquece de contar as histórias que fariam esses momentos nascerem de forma natural. Em “Elvis”, tudo o que temos são tentativas, principalmente nos shows e no dinamismo das esquetes, de criar esses momentos.

Por mais que essas tentativas sejam fechadas em si mesmas, sem sentimento, ainda assim elas trazem entretenimento ao público, muito por conta de sua trilha sonora (a única coisa boa e constante na filmografia do diretor) e de como tudo o que o filme faz é contar a história de Tom Parker, um personagem que, se desenvolvido melhor, seria um “vilão” interessante em uma narrativa maniqueísta como essa.

O agente de Elvis faz de tudo para podar seu pupilo e em uma hora de filme já sabemos que ele foi bem-sucedido. O dinamismo já citado faz com que o público esqueça as cenas repetitivas e alongadas de algo já feito: Tom Parker já conseguiu limitar Elvis a ponto de ele não ganhar nunca o dinheiro que ele poderia ter ganho caso a carreira tivesse sido gerenciada de outra forma.

Se a duração do filme prejudica seu ritmo e se devido a ela não faz sentido que as histórias ali contadas sejam tão apressadas, ao menos o público descobre como Elvis Presley continua sendo influente em vários campos, seja no estilo de se apresentar no palco, na roupa ou acessório escolhido para uma entrevista ou, claro, na própria música.

Baz Luhrmann é um diretor que deseja ser maior do que o filme que dirige e ele não sabe (ou não quer saber) que um diretor dificilmente chegará a isso. Ao menos ele é bom em entreter e as músicas são boas. Pena que nem um, nem outro, ajudam no desenvolvimento na história que ele quer contar.

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