9/27/2022 11:51:00 AM

Crítica: Sorria

Sorria
Imagem: Paramount Pictures / DIVULGAÇÃO
Em um certo momento de "Sorria", dirigido por Parker Finn, a terapeuta de Rose diz para ela que traumas são portas abertas e que talvez nunca sejam fechadas, a questão é se nós aprendemos a lidar com isso.

Nessa fala, o público já entende como funciona o monstro que Rose enfrenta durante as 1h55 de projeção. Também terapeuta, ela precisa lidar com um monstro que faz as pessoas alucinarem e sorrirem de uma maneira esquisita, todas as pessoas que lidaram com essa criatura, morreram poucos dias após isso acontecer, sempre através de suicídio, como aconteceu com a paciente de Rose na frente dela.

Pelo o descrito no primeiro parágrafo, vemos que o filme é previsível e com esse ponto, ficamos o tempo todo apenas esperando a confirmação do que temos certeza do que irá acontecer, logo, qualquer susto, medo ou desconforto que a obra tenta causar no espectador, é afastado rapidamente pelo próprio público, que entende e adivinha tudo muito rápido.

Claro, não é a intenção do filme ser assim, mas devido a fórmula já conhecida de blockbuster que ele segue, ele cai no mais do mesmo de outros filmes do gênero, não é mal feito ou exageradamente ruim, mas é uma obra sem uma ideia bem executada, ao menos ele tem uma ideia.

Falar de traumas passados, ansiedade e como a terapia é importante para não fechar essa porta (porque a fala citada no primeiro parágrafo está certa), mas ao menos para aprender a lidar com o sentimento ruim que foi gerado por um fator externo, é uma ideia boa e até importante. Talvez, se executado de outra forma, o filme fosse melhor.

Porque essa obviedade e previsibilidade não está apenas no terror de "Sorria", está também na relação de Rose com as pessoas ao seu redor, tanto com a irmã Holly, quanto com o namorado Trevor, sabemos como ela vai se comportar e como o monstro irá afetar essa relação. Temos certeza, mesmo antes de acontecer, que para ambos os personagens, Rose enlouqueceu. 

Da mesma forma que sabemos para onde Rose vai quando as relações mais confiáveis dela acabam, tudo é muito linear, certinho, fechado, o que acaba por afastar o público de um possível envolvimento com a personagem principal e por consequência, com o que ela passa em sua solidão.

"Sorria" não é ruim, mas também não é bom, ao menos tem uma boa ideia ali, por mais que nunca a vejamos de fato. Provavelmente a única coisa que o espectador lembrará desse filme é da música que o seu título no Brasil involuntariamente remete, "Sorria que eu estou te filmando" do grupo "Os travessos".

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