10/18/2022 08:00:00 PM

Chicago Film Festival: Aftersun

Aftersun
Imagem: DIVULGAÇÃO

Texto que faz parte da cobertura da edição 2022 do Festival de cinema de Chicago

This critic is part of Chicago Film Festival 2022 coverage

“Nós estamos embaixo do mesmo céu, então estamos juntos”.

Naturalmente, nós nos apoiamos nas memórias boas de momentos vividos, seja sozinho, ou com quem gostamos. Muitas vezes estamos separados dessas pessoas por vários motivos, mas, as vezes, tentamos nos agarrar nessas memórias para não esquecermos de algo bom que já passou.

Sophie (Frankie Corio) está se agarrando a memória da viagem que fez com o pai, Calum (Paul Mescal). Dirigido e escrito por Charlotte Wells, acompanhamos essas lembranças em “Aftersun”.

Talvez, aquela frase clichê (e bastante ridícula) “Precisamos de amor da mesma forma que precisamos de água” faça sentido nesse filme, pois tudo o que vemos aqui é carinho e a lembrança desse carinho é o que faz Sophie conseguir seguir em frente de alguma forma.

Uma menina curiosa, assim como boa parte das crianças, é através dela que é possível lembrar dos momentos de carinho que nós vivemos e das viagens que tivemos com as pessoas que amamos. Mas, principalmente, sobre as relações de confiança que criamos ao longo do tempo.

Sophie e Calum confiam um no outro, é por isso que dentro dessa relação, é possível lembrar do que foi dito no paragrafo acima. Porque tudo é tão real e tão próximo de nós que fica fácil criar uma identificação dentro da confusão que é viver, Sophie está descobrindo essa confusão e Calum já a conhece extremamente bem.

Essa confusão parece uma dança desajeitada, onde apenas movemos o corpo de um lado para o outro, para cima e para baixo. Não a toa, imagino, de maneira inconsciente, Wells faz com que Calum goste de dançar (e a diretora insere muitas vezes cenas de dança entre um dia e outro da viagem dos dois), é uma forma de mostrar que ele abraçou a confusão e apenas tenta, através da confiança na filha, faze-la entender que tudo bem ser confuso.

É o que nós somos, afinal de contas, seres confusos e muitas vezes sozinhos, tentando encarar a própria confusão. Mas é importante lembrarmos que muitas vezes temos em quem confiar e que essa confiança é construída nos momentos pequenos, como em uma partida de sinuca, em contar como foi seu primeiro beijo, em perguntar o porquê falar “eu te amo” para alguém que você não está mais junto.

Os momentos pequenos também estão inseridos nos silêncios. Tudo bem não contar nada e não perguntar nada. O importante é ter a opção e a confiança em alguém para fazer isso. Sophie queria lembrar como é esse sentimento, assim como muitos de nós também querem. “Aftersun” me fez lembrar de tudo isso como se eu fosse uma criança de 11 anos e ainda me deu vontade de dançar.

Texto que faz parte da cobertura da edição 2022 do Festival de cinema de Chicago

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