Imagem: DIVULGAÇÃO |
Texto que faz parte da cobertura da edição 2022 do Festival de cinema de Chicago
This critic is part of Chicago Film Festival 2022 coverage
“Under the fig trees” é um sonho, o sonho das meninas que
trabalham colhendo figos na zona rural da Tunísia. Também é nosso sonho, pois
quem nunca sonhou com uma vida melhor enquanto estava trabalhando por ela? É
justamente isso que as protagonistas do filme fazem todos os dias.
Dirigido por Erige Sehiri, vemos o cotidiano de um dia na
vida do grupo de mulheres liderado por Melek. Jovens, elas vivem de colher
figos e durante o dia, sonham e expõe seus desejos e problemas umas as outras,
principalmente os relacionados a amor, pois todas ali querem encontrar alguém.
Sehiri constrói uma árvore, assim como as árvores de figos daquele campo, onde nós, como espectadores, colhemos as histórias daquelas pessoas e somos convidados a relacionar essas histórias com as nossas próprias. Isso torna o filme gostoso de assistir, pois é de fácil identificação com as protagonistas.
Claro, como todo trabalho, mesmo quando você tem alguém para
dividir seu caminho, há problemas no dia a dia. A diretora faz questão de
mostrar não apenas o lado bom dessas histórias, mas também o lado ruim, como as
brigas, os abusos financeiros e assédio sexual do chefe e como isso afeta a
rotina daquelas garotas.
Pois toda tentativa de realizar um sonho tem vários
pesadelos pelo caminho e muitas vezes, acabamos ficando apenas com esses
pesadelos e não conseguimos realizar nem uma parte daquilo que queremos. Melek
e suas amigas estão descobrindo essa possibilidade aos poucos, a cada amor não
correspondido, a cada bronca desnecessária no trabalho, elas vão juntando essas
coisas ruins e percebendo que elas precisam manter a esperança.
Até porque, não é devido a várias coisas ruins que você tem
que parar de sonhar (autocrítica) e talvez, Sehiri tenha construído algo que se
torna não apenas um retrato de pessoas jovens em um trabalho que não gostam,
mas também um pequeno recorte do que é o trabalho em seu próprio país.
O que torna o plano inicial e final do filme muito bonito.
Se no início de “Under the fig trees” vemos aquelas pessoas subindo na caminhonete,
com caras fechadas, com receio se conseguirão ou não superar mais um dia, no
plano final, vemos essas mesmas caras, só que felizes por terem dado mais um
passo em direção a aquilo que querem, mesmo que nem saibam o que sejam.
Texto que faz parte da cobertura da edição 2022 do Festival de cinema de Chicago
This critic is part of Chicago Film Festival 2022 coverage
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