Imagem: DIVULGAÇÃO |
As vezes quero morrer, penso que já vivi demais. As vezes quero viver tudo que ainda não vivi.
...
A vida é uma coisa tão insignificante.
Essas falas, ditas por Barbara, protagonista de “A Noiva”,
mostram exatamente o que é o filme, uma obra que trata sobre morte, sobre prisão
e sobre não estar onde se quer de fato estar. Algo que acontece com muita frequência
com todos nós, em uma série de momentos nas nossas vidas.
A personagem principal do filme dirigido por Sérgio Trefaut, é uma mulher portuguesa que, esposa
de um soldado do Daesh, se torna viúva dele e precisa lidar com um julgamento, pois
foi presa pelo exercito iraquiano. Mãe de dois filhos pequenos e grávida de mais
um, a ideia é que nós descubramos quem é essa jovem mulher.
Assim como o local onde ela vive, o filme é seco, sem muitos diálogos ou trilha sonora, o que faz com que a imersão seja fundamental para criar envolvimento com a obra. Outra forma de criar essa ligação com “A Noiva” são outros dois pontos, um é analisarmos aquela sociedade, o outro é que nós estamos tão cansados quanto Barbara.
Nós, hoje, no Brasil (e em boa parte do mundo), vivemos em
uma sociedade conservadora, onde, por estarmos dentro dessa sociedade, pensamos
que ela é a pior coisa já existente e que só vai piorar. Por um lado, faz
sentido, por outro, nós precisamos entender que o nosso quarto, a nossa casa, a
nossa cidade, não representam o mundo todo, eles são apenas parte dele.
Dito isso, as pessoas que vivem no Oriente Médio e em
regimes parecidos com o que Barbara escolheu para si (porque ela escolheu isso)
e em locais onde há domínio da associação a qual a protagonista se juntou,
vivem muito pior do que nós aqui no Brasil, mas, claro, isso não significa que
temos de gostar das nossas vidas como elas são, muito pelo contrário na verdade,
temos que fazer com que a nossa sociedade não chegue ao ponto da sociedade do
filme.
O outro ponto é por nós vivermos em uma sociedade
conservadora e onde somos jogados em um mar de informações onde não sabemos qual
é verdade e qual é mentira, nós estamos cansados. A sensação é que estamos dando
murro em ponta de faca e nada que façamos funciona ou ao menos causa algum tipo
de mudança boa na sociedade, nos falta energia.
Falta energia para Barbara também, por mais que ela tenha
escolhido aquilo, ela está cansada e a secura do filme mostra isso. Dá mesma
forma, quando temos a presença de música, com um dos filhos dela ouvindo “Back to black” com a mãe, vemos como é possível ter esperança, mesmo que seja cada
vez mais difícil termos esse sentimento.
Por mais que seja seco, frio e que tenhamos uma boa ideia
abordada de maneira incompleta (a mãe do marido de Barbara aparecendo para
buscar o corpo do filho), “A Noiva” é um filme sobre cansaço e morte, mas
também é um filme sobre esperança, mesmo que seja só um fio dela.
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