Imagem: DIVULGAÇÃO |
Em dado momento de “Halloween Kills” percebemos como o caos
tomou conta de Haddonfield, cidade onde Michael Myers, mais uma vez, está
matando as pessoas em busca de Laurie Strode (Jamie Lee Curtis). O diretor
David Gordon Green faz questão desse caos, pois com isso, seria possível criar
diferentes ambientes no final da trilogia, “Halloween Ends”.
Gordon Green escolheu o efeito de tornar Haddonfield
novamente uma cidade pacata. Através de Laurie, aqui vemos a mulher vivendo em
paz com sua neta Allison, Michael Myers está desaparecido, porém sua aura ainda
está presente, pois acontece uma morte de uma criança cujo jovem acusado de matá-la,
diz que foi um acidente.
Myers, como dito no final de “Halloween Kills”, é o mal. Quanto mais tentam matá-lo, mais forte ele fica, é como se fosse um combustível, algo que o mantém vivo. Gordon Green, ao escolher a “paz” em “Ends”, parece ter esquecido do caos já instaurado em “Kills” e assim, a impressão passada é como se Myers tivesse ganho a batalha contra Laurie.
Por um lado, isso é bom, pois vemos como é possível para
Laurie conseguir viver mesmo após todo o terror que ela enfrentou. Por outro
lado, após vários filmes (no caso, os que fazem parte da mesma cronologia, “Halloween”
de 78, “Halloween” de 2018 e “Halloween Kills”), de puro terror e mortes sequenciais,
a construção dessa vida pacata de Laurie soa vazia.
Vazia porque ela se baseia toda em Corey (o jovem acusado de
matar a criança), o construindo como uma forma de Laurie corrigir erros do passado.
Ao se envolver com Allison romanticamente, sabemos como toda aquela primeira
hora logo será esquecida quando Michael Myers voltar e Laurie retornar ao modo
caótico de “Halloween Kills”.
Então toda essa primeira hora, que é onde esse efeito de
redenção e falsa paz reinam, é um pouco maçante, por mais que tenham bons
momentos, como a cantada de Allison para Corey (a da bicicleta eu anotei para o
futuro) e a relação entre Laurie e Frank (Will Patton), o xerife da cidade e
que sempre esteve presente quando Michael Myers atacava.
Ao construir essa falsa paz usando Laurie e Corey, o filme além de aprofundar um personagem extremamente chato, desperdiça a relação de Laurie com a neta, que esteve presente na história desde "Kills" e seria muito mais útil dentro desse ambiente mais intimista que "Ends" tenta criar. Se sabemos que Corey é bobo, não sabemos nada dos outros personagens (como o locutor de rádio) e conhecemos menos ainda de Allison e isso contribui para o intimismo não ser íntimo, ser apenas chato.
Se a primeira hora é assim, a segunda hora faz o filme ter
mais força, pois é nesse período que ele vai aonde interessa: as mortes e a
batalha de Myers e Laurie. Como nos filmes anteriores, as sequencias de ação
são muito boas e elas abraçam o inesperado, mesmo que já tenhamos visto tudo
isso muitas vezes.
É na segunda hora que lembramos como os filmes de “Halloween”
são capazes de entreter e assustar. Acredito que por mais que “Halloween Kills”
também entretenha (sou do time que gosta do segundo filme, longe de ser perfeito, mas ao menos não é maçante), ele é muito mais de
ação do que de terror, isso não acontece em “Halloween Ends”, que sim, tem ação, mas é um filme que ao menos tenta (e falha) aproveitar mais do terror criado por John
Carpenter em 78.
Apesar das diferenças bruscas na primeira e na segunda hora, “Halloween Ends” consegue ser um final para a franquia “Halloween” e Laurie Strode é uma das final girls mais interessantes já criadas. Ele é apenas isso mesmo, um final, sem nenhum tipo de efeito no espectador. Pena que John Carpenter não dirigiu mais filmes da franquia que criou.
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