Imagem: DIVULGAÇÃO |
“Paloma” quer casar. Mãe de uma filha pequena e apaixonada
por Zé, seu namorado, ela tem o desejo de um casamento como manda o figurino,
vestido, véu, grinalda, na igreja. Porém, ela é uma mulher trans, vivendo no
interior do Ceará, o que torna esse sonho difícil de ser realizado.
O filme de Marcelo Gomes nos convida a acompanhar essa trajetória. Que inicialmente, é muito gostosa, pois não vemos sofrimento, algo no qual muitos filmes que tem como protagonista alguém pertencente a uma minoria, faz. Vemos apenas a vida de Paloma, que é a vida de qualquer pessoa, acordar cedo, trabalhar, cuidar da filha e repetir no dia seguinte.
Isso gera vários bons momentos, a relação dela com a filha é
linda, com as colegas de trabalho vemos como ela é querida pelas pessoas, com o
namorado, vemos que ela é amada e por outros homens, ela não apenas é vista,
como é cobiçada por eles, ou seja, uma vida como qualquer outra.
Devido aos filmes que focam apenas nesse sofrimento, é
gostoso ver como em “Paloma” isso não acontece, vemos a vida dela, não o sofrimento
dela. Claro, por vermos a vida dela, também vemos as coisas ruins, mas, por
mais que sejam difíceis, Gomes não faz em nenhum momento que essas cenas se
tornem um “torture porn” ou um episódio de The Handmaid’s tale.
Por mais que, para mim, essas situações difíceis quebrem o
ritmo de um filme que até então era leve, elas tem um proposito, que é mostrar ao
público que essas coisas infelizmente acontecem. Em nossas bolhas, nós ficamos
sabendo disso e logo esquecemos desses acontecimentos, um filme (assim como
qualquer forma de arte) faz com que as pessoas com empatia e caráter memorizem e
sempre lembrem, mesmo presas em suas bolhas, que tais coisas acontecem.
Mas ainda bem que o filme foca no que é bonito, no que é bom
na vida dela, mesmo com os diversos obstáculos. Kika Sena, que interpreta
Paloma, ajuda a nos passar otimismo e coragem, os sentimentos passados pela
atriz são tão claros quanto o céu do interior do Ceará e as cenas dela com a filha aquecem
o coração.
Assim como a última cena do filme também tem esse efeito.
Sim, a caminhada de Paloma será difícil e muito mais difícil do que a de uma
pessoa cis, mas, ela será cheia de esperança e se tem algo que precisamos hoje
em dia, é de esperança.
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