3/29/2023 10:00:00 AM

Crítica: O urso do pó branco

O urso do pó branco
Imagem: DIVULGAÇÃO / Universal
Por se passar nos anos 80 mas ser um filme de 2023, “O urso do pó branco” corria um risco considerável de ser algo, dentro do possível, nostálgico, como muitas das produções recentes que se passam nessa época são. Mas, felizmente não é o caso aqui.

Fica claro que a diretora Elizabeth Banks quis fazer um filme que sim, se passa nos anos 80, mas apenas isso, nada de buscar glorificar uma época ou fazer com que o público sinta saudade de algo que não viveu. A principal ideia aqui é o humor dentro da insanidade de um urso que após cheirar cocaína, sai matando pessoas por um parque florestal em busca de mais droga.

Tudo no filme remete a essa época, mas a diversão dele está justamente dentro da insanidade que Banks constrói através do urso. As vezes até parece que, se não fosse a cocaína, o urso em questão seria um animal comum, mas, com a droga, fica no estado feroz que vemos entre as histórias de cada personagem.

E é bom conhecer mais essas histórias entre uma morte e outra, não porque criamos empatia com os personagens, mas sim porque elas são divertidas. Como, por exemplo, o arco das crianças matando aula na floresta, quando elas veem o urso pela primeira vez e se perdem, ou o arco de Daveed (O’Shea Jackson) e sua busca por manter seus Jordans limpos e recuperar a cocaína de Syd (Ray Liotta em seu último filme).

Mas, o arco que mais merece destaque, é o de Margo Martindale, atriz veterana (e de muito sucesso em trabalhos televisivos), em “O urso do pó branco” ela interpreta a guarda florestal do parque onde a ação acontece. Tanto pelo humor das cenas, ela tentando flertar ao mesmo tempo em que procura uma das crianças perdidas é ótimo, quanto pelas cenas de ação nas quais está envolvida, como por exemplo a cena do tiro que era para ter sido no urso, mas acaba acertando a pessoa errada.

Os exemplos citados funcionam porque dentro daquela insanidade, essas cenas passam uma sensação estranha de naturalidade. Isso acontece mais de uma vez (poderia citar várias outras cenas, mas vale a lembrança da cena da ambulância) e é um mérito dentro de um filme cuja a proposta é exatamente ser completamente sem sentido dentro de uma ação comum nos filmes do gênero dos anos 80.

Elizabeth Banks mostra que é possível contar histórias que não se levam a sério e não apelam para uma nostalgia um tanto quanto irritante devido ao seu uso exagerado. “O urso do pó branco” é um bom exemplo disso e ainda é tão insano quanto engraçado. 

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