4/19/2023 07:18:00 PM

Crítica: Beau tem medo

Beau tem medo
Imagem: DIVULGAÇÃO / Diamond Films

Talvez a pior coisa que seja possível sentir sobre um filme é nada. “Beau tem medo”, novo filme de Ari Aster, não me gerou amor ou ódio durante suas três horas de duração, ele apenas deixou em mim um nada, como se eu não tivesse visto filme algum, apenas passado um tempo em uma sala de cinema.

Acompanhamos Beau (Joaquin Phoenix), um homem de seus 40 anos que sempre foi ansioso e tem um sopro no coração (assim como seu pai teve). Ele acaba de perder a mãe e precisa ir ao funeral em outra cidade, mas uma série de coisas acontecem que o impedem de fazer isso da forma adequada.

Essa série de coisas talvez sejam o maior atrativo para o público no filme, já que Aster constrói esse mundo como se todos estivessem loucos. Vemos crimes na rua sem ninguém fazer nada, vemos pessoas correndo atrás das outras sem motivo algum, coisas são atribuídas a pessoas que não fizeram isso e mais vários fatos durante o filme.

Por um momento, somos levados a pensar que todas essas coisas são criações da cabeça de Beau, o que faz muito sentido para um espectador que seja mais racional. Mas, Aster força tanto essa surrealidade e tenta se aproximar do experimentalismo com tanta vontade, que esse medo de Beau, aparentemente gerado a partir da ansiedade dele se torna bobo, vazio.

Com esse vácuo, as três horas de filme se tornam chatas e é por isso que em mim, Aster construiu um nada. Não sinto que vi um filme, não sinto que vi coisas boas e/ou ruins, eu vi uma tentativa de algo surreal, onde não vemos uma linearidade (não que seja necessário isso para um filme funcionar), vemos apenas um personagem sentindo medo de tudo, mas a não ser que os medos dele sejam próximos dos seus, a possibilidade de envolvimento com o filme se torna mínima.

Aster precisa que o público se envolva com “Beau tem medo” para que ele funcione, seja amar ou odiar o filme, ele precisa que o espectador compre a ideia para que o terror voltado para o surrealismo seja efetivo e caso isso não aconteça com o público, a pessoa passará três horas esperando que o filme acabe.

E ele tem vários momentos em que poderia acabar e vários momentos que a pessoa acima, assim como eu, torce para ele acabar, mas Aster tenta te forçar sensações não construídas organicamente e assim estende "Beau tem medo", porém não me alongarei sobre isso pois o fato de eu não ter sentido nada, a não ser vontade que o filme terminasse, deixaria minha opinião redundante e isso seria injusto com o filme, com as pessoas que trabalharam nele e com o diretor.

Dito isso, eu espero que quem assistir “Beau tem medo”, goste ou odeie do filme, que não ache chato como eu achei e que não tenha a experiência vazia que eu tive. Acho que o pior sentimento que pode ser gerado pela arte é o nada, e “entre o medo e o nada, eu prefiro o medo” como disse William Faulkner. 

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