Imagem: DIVULGAÇÃO / Diamond Films |
Acompanhamos Beau (Joaquin Phoenix), um homem de seus 40 anos
que sempre foi ansioso e tem um sopro no coração (assim como seu pai teve). Ele
acaba de perder a mãe e precisa ir ao funeral em outra cidade, mas uma série de
coisas acontecem que o impedem de fazer isso da forma adequada.
Essa série de coisas talvez sejam o maior atrativo para o público no filme, já que Aster constrói esse mundo como se todos estivessem loucos. Vemos crimes na rua sem ninguém fazer nada, vemos pessoas correndo atrás das outras sem motivo algum, coisas são atribuídas a pessoas que não fizeram isso e mais vários fatos durante o filme.
Por um momento, somos levados a pensar que todas essas
coisas são criações da cabeça de Beau, o que faz muito sentido para um
espectador que seja mais racional. Mas, Aster força tanto essa surrealidade e tenta
se aproximar do experimentalismo com tanta vontade, que esse medo de Beau,
aparentemente gerado a partir da ansiedade dele se torna bobo, vazio.
Com esse vácuo, as três horas de filme se tornam chatas e é
por isso que em mim, Aster construiu um nada. Não sinto que vi um filme, não sinto
que vi coisas boas e/ou ruins, eu vi uma tentativa de algo surreal, onde não
vemos uma linearidade (não que seja necessário isso para um filme funcionar),
vemos apenas um personagem sentindo medo de tudo, mas a não ser que os medos
dele sejam próximos dos seus, a possibilidade de envolvimento com o filme se
torna mínima.
Aster precisa que o público se envolva com “Beau tem medo”
para que ele funcione, seja amar ou odiar o filme, ele precisa que o
espectador compre a ideia para que o terror voltado para o surrealismo seja efetivo e caso isso não aconteça com o público, a pessoa passará três horas esperando
que o filme acabe.
E ele tem vários momentos em que poderia acabar e vários
momentos que a pessoa acima, assim como eu, torce para ele acabar, mas Aster
tenta te forçar sensações não construídas organicamente e assim estende "Beau tem medo",
porém não me alongarei sobre isso pois o fato de eu não ter sentido nada, a não ser
vontade que o filme terminasse, deixaria minha opinião redundante e isso seria injusto
com o filme, com as pessoas que trabalharam nele e com o diretor.
Dito isso, eu espero que quem assistir “Beau tem medo”,
goste ou odeie do filme, que não ache chato como eu achei e que não tenha a
experiência vazia que eu tive. Acho que o pior sentimento que pode ser gerado pela
arte é o nada, e “entre o medo e o nada, eu prefiro o medo” como disse William
Faulkner.
Nenhum comentário:
Postar um comentário