6/08/2023 12:36:00 PM

Crítica: The Flash

The Flash
Imagem: DIVULGAÇÃO / Warner

Por Deivid Purificação

Desde o fatídico Homem Aranha Sem Volta Para Casa os filmes de herói pareciam caminhar para a autofagia do filme “evento”. Não só revisitando os personagens estabelecidos em décadas passadas (os outros aranhas) mas também de revirar o lixo de Hollywood em busca de participações que nunca ocorreriam mas despertariam aquele “HÁ” para os consumidores do nicho (como Doutor Estranho no Multiverso da Loucura).

O primeiro filme do velocista escarlate veste essa fantasia do “longa metragem mega evento” mas esconde para si uma comédia rasgada que aposta num teor caricatural para o drama dos personagens.

 
Ao longo do filme vemos vários acenos para De Volta Para O Futuro e desenhos dos Looney Tunes, o que pode parecer só uma referência jogada na verdade é reafirmação dos valores da produção. O lado mais simplista da narrativa remete muito à inocência dos cinema estadunidense dos anos 80 e toda a concepção visual do longa está muito mais interessado no absurdo do cartoon do que numa verossimilhança de física realista.

Há força de aceleração, por exemplo, se dá a partir de um ponto de fuga que se alonga em volta do personagem e deforma o cenário à volta dele algo que remete muito ao princípio de “Contrair e Esticar” da animação tradicional. A estranheza do CGI funciona dentro do estranhamento também. E esse lado mais caricatural permite também que o filme brinque com violência no meio das batalhas e com isso enfatiza sua lógica cartunesca nesses momentos. Nesse sentido ele é quase um primo distante do trabalho de Sam Raimi na trilogia Homem Aranha.

Com isso em mente é fácil entender como Ezra Miller desempenha um papel essencial para o longa, tendo que fazer a transição do drama mais intimista do garoto órfão para o absurdo que rodeia o personagem. E no meio de piadas muitos físicas que beiram a escatologia e humor bem adolescente (vide as piadas nudez) ele encontra o equilíbrio enquanto dilui a afetação do seu Barry Allen ao longo do arco que o protagonista passa lidando com o luto.

Chega a ser surpreendente que as duas principais aparições do longa, Batman e Supergirl, sejam mais do que um tapinha nas costas do espectador com a nostalgia. Já na primeira aparição de Michael Keaton ele é apresentado como uma caricatura, e toda a sendo um ator com um currículo de comédias na filmografia, Keaton se entrega a isso e sintetiza o lado cômico do filme, ao mesmo tempo que a seriedade de Sasha Calle representa o drama e ambos levam Barry a questionar seu papel uma vez que ele espelha seus desejos e responsabilidades nesses dois (que são também órfãos).

Mas se Andy Muschietti corre em direção a Sam Raimi, no que diz respeito ao cartunesco, pelo caminho ele não consegue descobrir em como lidar com as obrigações dos cameos e em como usar esse lado caricatural para desenvolver a ação de maneira memorável apelando para a montagem musical enquanto um marcador visual, o que acaba por deixar elas mais cansadas do que realmente inventivas. As exceções são justamente os momentos onde as sequências não possuem apenas o apelo ao espetáculo mas sim o humorístico, como a sequência do primeiro encontro com Batman ou o final com o recurso Feitiço do Tempo.

No fim Flash consegue chegar no desenvolvimento emocional que tanto quer alcançar, só encontra muitos encalços pelo caminho.

Veja mais do trabalho do Deivid aqui

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