3/20/2024 06:48:00 PM

Crítica: Kung Fu Panda 4

Kung Fu Panda 4
Imagem: Universal Pictures / DIVULGAÇÃO

Crítica de Diego Quaglia

A grande coisa envolvendo os dois primeiros filmes Kung Fu Panda era como eles eram dois longas–metragens que tinham tudo para serem apenas as animações com um personagem animal engraçadinho e fofo, uma premissa pitoresca (um panda fora do padrão que é um mestre do kung fu) e ficar resumidos nisso. 

Quando na realidade eram filmes que apresentavam um trabalho de animação sofisticado, de cores e movimentos fortíssimos, cenas de ação muito bem ilustradas, o humor bem dosado e um lado sensível, personagens com camadas emocionais densas, uma força épica e uma contemplação filosófica do universo daqueles personagens ainda sendo acessível para as crianças e qualquer público.


O primeiro filme começa com isso, o segundo eleva e o terceiro filme já é a franquia entrando num lugar-comum dela mesma, mas ainda é um bom filme. O quarto filme da saga segue o mesmo esquema do terceiro, conseguindo repetir acertos da franquia, mas não chegando no melhor que ela tem a oferecer e principalmente navegando por um caminho mais indiferente. 

A nova dupla central que Po forma com Zhen (Awkwafina na voz original e Danni Suzuki muito bem na dublagem brasileira) é divertida e rende boas piadas nessa clássica dinâmica do
“homem da lei”/” fora da lei” que precisam se juntar (algo meio 48 Horas do Walter Hill),
mas os caminhos dramáticos que essa dinâmica, por mais que sejam funcionais, parecem manjados e burocráticos demais, deixando um gosto de “mais do mesmo”. 

É interessante ver como o filme ilustra visualmente de modo frontal assustador as
transformações da vilã Camaleoa (Viola Davis na voz original e Taís Araújo numa péssima interpretação na dublagem brasileira), porém ela tem pouco tempo para ser aproveitada, e os caminhos que unem ela, Po, Zhen e a nova etapa da jornada de Po parecem feitos de modo só para dar mais uma desculpa mercadológica para a saga continuar no cinema ou fazer a história do jeito mais comum possível.

A tentativa de retornar vilões dos filmes anteriores ou fazer cameos dos personagens
da saga soa meramente burocrática, porque eles não têm o que fazer no filme (e com exceção do vilão Tai Lung não fazem nada porque não vão pagar os caches de todos os atores envolvidos nos filmes anteriores para aparecer tão pouco) e os que tem tomam atitudes drásticas de caracterização que deixem aberto um sentimento de atitudes um tanto quanto forçadas. 

O filme não tem o senso épico ou emocionante poderoso dos outros filmes. Ficando no caminho mais descartável ou funcional das coisas. O senso de humor funciona, principalmente nas cenas envolvendo as aventuras dos pais de Po que viram uma dupla de um “buddy movie” dentro do próprio filme – algo meio Timão e Pumba –, que se reflete bem tematicamente com a construção dos outros filmes. 

E a animação lida bem a construção de cenas de ação e o aproveitamento daqueles cenários lindos com movimentos intensos de lutas, fugas e momentos cômicos que mostram o melhor do filme e das suas cores, que por mais que não contenham o fator vibrante e sejam consumidas por um filtro mais sóbrio, ainda impressionam tecnicamente.

Conheça o trabalho do Diego aqui!

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