Toda pessoa passa por uma estrada de autoconhecimento, e, na
maioria das vezes essa estrada pessoal nunca termina, e nunca acabamos por nos
conhecer por completo, mas, é importante sempre mantermos a busca pelo
autoconhecimento, mesmo sabendo que ele nunca será completo.
É justamente isso que o diretor Barry Jenkins usa para
contar a historia em “Moonlight”. A historia contada é a de Chiron, desde
quando ele é apenas um garoto até quando ele se torna um adulto, passando por
acontecimentos, descobertas e pessoas que de uma forma ou de outra foram
importantes na vida dele.
Uma das intenções é causar a empatia do público com o
personagem e para isso o diretor utiliza de planos fechados nos rostos do
protagonista e das pessoas com as quais ele se relaciona, logo, quando
descobrimos que a mãe dele é usuária de drogas não percebemos isso por uma cena
mostrando o uso propriamente dito e sim pela expressão de um ainda menino
Chiron vendo o acontecimento. Além do que, a obra trata seus personagens por um
nível igual de importância, apenas sabemos quem são o foco da historia pelo
tempo de cada um na tela, porém, apesar disso, o espectador fica se perguntando
o que aconteceu com tal pessoa, o que nos leva a empatia do começo do
paragrafo, o público se aproxima dos personagens que ali estão.
Para essa aproximação ocorrer com sucesso é necessário um
elenco que seja competente e é justamente isso que temos em “Moonlight”, Chiron
é interpretado muito bem pelos três atores que o encanaram, Alex R. Hibbert que
o interpreta quando criança passa o medo que o garoto tem de sua mãe de forma
brilhante, ele consegue transmitir justamente o pensamento do menino sem a
necessidade da fala, Ashton Sanders que é o adolescente Chiron, tem o mesmo
medo, mas, aqui já vemos a raiva em seu olhar e de se sentir preso, e Trevante
Rhodes une tudo isso ao Chiron adulto, independente e mostra uma mudança na
vida pessoal do personagem apenas pelo olhar e postura física.
Naomie Harris faz da mãe do rapaz uma pessoa cruel, mesmo
que simultaneamente seja também amorosa, Janelle Monáe passa a segurança
necessária a Chiron como Teresa e Mahershala Ali vive um personagem que chega a
ser até simpático, mesmo que tenha como trabalho um meio ilícito.
Sendo um bonito estudo de personagem e mostrando que devemos
ser quem somos, independente do pensamento do outro, “Moonlight” consegue
contar uma história extremamente pessoal de forma não invasiva e ainda gera uma
reflexão – também pessoal – sobre a vida em si.
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