Imagem: Divulgação |
Sem dúvida alguma, os documentários têm como objetivo
aproximar o público de uma outra realidade, apresentando-a de maneira didática,
e, criando a empatia, gerando conhecimentos diversos. Assim, esse gênero é o
mais próximo da realidade nua e crua que o cinema chega, servindo como
intermediário entre público e fato.
Mas, imagina, se, atualmente, onde o machismo e o
sexismo estão cada vez mais passando impunes, mesmo com toda a luta, se mulheres decidem fazer um documentário sobre
mulheres, onde elas (as entrevistadas) relatam suas experiencias sexuais e se
aprofundam na discussão sobre sexo?
Isso foi feito por duas diretoras, Lea Glob (que também
dirigiu, junto com a brasileira Petra Costa, o filme “Olmo e a Gaivota”) e Mette Carla
Albrechtsen. A ideia de “Venus” é simples: as duas moças iriam fazer um filme
erótico com base nas experiencias sexuais de várias mulheres. Porém, quando
começaram os testes de elenco, elas perceberam que as entrevistas tomaram um
outro rumo, o do debate sobre o natural, e assim, surgiu esse documentário.
É muito corajoso como as entrevistadas contam suas
histórias, porque ser mulher é um ato de coragem e claro, porque o que é
contado é muito pessoal, assim, a quantidade de mulheres (foram 100) que
compareceram ao teste, se reflete na diversidade de opiniões e histórias ali relatadas.
Há uma delas que é extremamente tímida, outras que são mais
extrovertidas (e levam o espectador até mesmo a algumas risadas), e claro, há
aquelas que ficam no meio – termo. Graças a escolha das diretoras em mostrar o máximo
de depoimentos possíveis, vemos como todas elas estão ligadas entre si, mesmo
que não se conheçam, há algo em comum que junta as histórias contadas.
Então, é bacana ver como o filme, apesar de falar sobre sexo
o tempo todo, não busca a excitação do espectador, e sim, procura
aprofundar e fazer com que cada um de nós conheça algo que é natural e que faça
dessa experiencia algo mais agradável para o seu parceirx, pois, muitas das
experiencias narradas são cruéis e mostram como os homens podem ser opressores em relação aquilo que faz todos nós nascerem.
Logo, justamente devido a esses motivos, por conta dessa
exposição corajosa, a decisão das diretoras de mostrar a entrevistada mais tímida
dançando (com a autorização dela, como é exposto na obra) é uma atitude linda,
assim como muitas delas terem aceitado fazer o retrato nu em frente a câmera –
e novamente, é exposto na obra que todas as moças ali, fizeram porque quiseram –
é um ato lúcido, natural, forte e belo.
Porque, ser mulher é ser corajosa, é ser forte, é lidar com
diversas coisas durante todos os dias que nunca um homem sonharia em lidar.
Porque, como esse documentário mostra, a liberdade de expressão e a vontade de
falar podem fazer qualquer coisa ser possível.
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