7/16/2018 12:39:00 PM

Crítica: Jogador Número 1

Jogador Número 1
Imagem: WARNER BROS / Divulgação

Steven Spielberg sempre gostou de temáticas futuristas, seja nos anos 90 quando fez “Jurassic Park” ou em épocas mais atuais. Após uma série de filmes realizados no passado, como “Cavalo de Guerra”, “Lincoln”, “Ponte dos Espiões” e “The Post”, ele volta a investir em algo mais próximo da atualidade.

“Jogador Número 1” é um filme que apesar da previsibilidade em cenas essenciais para o funcionamento da trama e de clichês que poderiam ter sido facilmente evitados, funciona devido a nostalgia de jogos clássicos, a um personagem que remete a vários desenvolvedores tecnológicos e a uma mensagem sobre o uso da tecnologia em substituição a vida.


A história contada é a de Wade (Tye Mendelsohn), vivendo em um mundo futurista, ele e todas as pessoas da sociedade jogam em uma plataforma chamada OASIS. Após a morte de Jim Halliday (Mark Rylance), criador do jogo, ele deixa três desafios, que envolvem coletar três chaves e como prêmio, descobrir um bônus do jogo e ser o único dono da OASIS. Para conseguir isso, Wade une forças com Artemis (Olivia Cooke), Aech (Lena Waithe) e mais outros dois jogadores, o vilão é a empresa rival, chamada IOI, encabeçada por Nolan Sorrento (Ben Mendelsohn).

Visualmente falando, o filme é impecável, a infinidade de cores utilizadas para mostrar a plataforma é algo incrível e condizente com o universo em questão, além de que, a computadorização aqui é algo excessivo e se na maioria dos outros filmes isso seria um defeito, no caso de “Jogador Número 1” é necessário, pois a obra tem como base um universo computadorizado.

O roteiro acerta em mesclar realidade com mundo real, mostrando como as pessoas não podem se deixar dominar pela tecnologia e o fato de quando não estão no jogo, ninguém se falar a não ser para o básico é algo alarmante, tudo está no jogo, então a escolha de todos é a substituição da vida pelo digital, preferindo permanecer adormecidos para o mundo.

Até porque, como não preferir um lugar onde você pode ser o que quiser? Desde personagens famosos da cultura pop, até criar a si mesmo de outra forma e ter coisas que nunca seriam possíveis fora daquele ambiente (como um Delorean). E é aí que Wade entra, pois apesar de estar no jogo e gostar dele, ele quer ter uma vida real, apenas não consegue.

E para conseguir, ele precisa cumprir os desafios e toda a construção de ambiente e as metáforas tecnológicas vão por agua abaixo, pois esses desafios são previsíveis logo em suas explicações, como por exemplo, o segundo deles, já na pista que foi dada a equipe, é possível saber a relação de afeto e medo que Halliday tinha de determinada personagem, logo, quando os protagonistas descobrem isso, é algo que soa bobo para o espectador.

Ainda assim, Spielberg vai usando seu conhecimento para cobrir essas previsibilidades irritantes, como a fabulosa cena usando “O Iluminado” ou a ótima discussão entre Wade e Sorrento sobre a obra de John Hughes. Mas, são as cenas de Halliday que merecem destaque, pelo mistério estabelecido em torno da figura do criador de tudo aquilo.

Porém, para cada sequencia criativa, Spielberg se dá um tiro no pé ao apostar em clichês bobos como ferramenta de construção do terceiro ato da obra e, consequentemente, do seu final, logo, “Jogador Número 1” é um filme divertido, mas que poderia ser melhor se fosse tão inventivo quanto a plataforma OASIS e não preguiçoso em cenas capitais.

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