10/03/2019 12:00:00 AM

Crítica: Onde quer que você esteja

Imagem: Boulevard Filmes / DIVULGAÇÃO
Algo que sempre foi frequente em nossa sociedade são os desaparecimentos de pessoas. Independente como, milhares de pessoas desaparecem todos os dias em todos os lugares e num país tão grande quanto o Brasil, numa cidade tão grande quanto São Paulo, não é diferente.

É isso que Bel Bechara e Sandro Serpa abordam em “Onde quer que você esteja”. O nome que dá título ao filme é de um programa de rádio onde pessoas vão buscar entes queridos que desapareceram. Elas leem textos que escreveram na esperança que a pessoa procurada ou alguém que saiba onde ela está, escute e assim, também há a esperança do retorno desta.

A direção de Bechara e Serpa aborda vários arcos, todos esses unidos de forma direta ou indireta pelo programa de rádio, então no filme não há um personagem principal, o que é bom, pois além de dar tempo de tela igual para o elenco, também ajuda na estrutura minimalista adotada pela obra.

Já que o filme se apoia muito mais no não dito do que no dito e no silencio do que no falado. Por mais que se trate de um programa de rádio, é notável como a ausência de som comunica muito mais do que o som, seja através de alguma emoção, seja pela expressão dos atores e atrizes no quadro.

Quadros que mostram a expressão de todos os presentes no plano, de forma que o público saiba o que o personagem está sentindo naquele momento. Na maioria das vezes, o sentimento é saudade e em alguns dos casos, é a esperança de rever a pessoa amada que desapareceu.

Estes, assim como o silencio e aquilo que não é dito, são coisas que mostram o vazio presente na vida daquelas pessoas, o qual elas tentam preencher de alguma forma, seja através de uma festa de aniversário para o filho que não está ali, como no caso de Afonso (Rafael Maia) e Jussara (Brenda Lígia) ou através de uma olhada na janela, como no caso de Zélia (Sabrina Greve) que ao ver a família vizinha sente saudade de uma figura de sua infância.

Mas, no caso de Waldir (Leonardo Medeiros) é mais a necessidade inevitável de seguir em frente do que o desaparecimento que é o principal, assim como no caso de Ana Maria (Gilda Nomacce). Essa variedade de sentimentos, lembra muito o filme “A garota da fábrica de fósforos” de Aki Kaurismaki (1990), já que, independente da trama, mais cedo ou mais tarde, os personagens ali retratados terão que seguir em frente, além, claro, de que o silencio também está presente no filme de 90.

Assim, ao contar uma história através do minimalismo, “Onde quer que você esteja” é um filme triste, justamente pelo silencio retratado na obra ser tão real para várias pessoas por aí.

Veja o trailer aqui, filme distribuído pela Boulevard Filmes:

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