O cinema ao passar dos anos nos deu várias obras que são metalinguísticas,
que descrevem a própria arte em seus bastidores, “A Noite Americana” do
Truffaut, “Oito e meio” do Fellini e “Cantando na Chuva” de Stanley Donen e
Gene Kelly. Esse “La La Land”, além de descrever a arte internamente, de
remeter aos musicais clássicos de Hollywood, ele ainda usa a nostalgia como
força para o seu enredo.
Dirigido por Damien Chazelle do excelente Whiplash, “La La
Land” conta a história de Mia – Emma Stone - atriz que foi tentar a sorte na
carreira em Hollywood e Sebastian – Ryan
Gosling – que é um pianista, que tem como paixão o Jazz e que sonha em abrir
seu próprio clube. E a projeção é
justamente sobre sonhos, sonhos que podem ser identificados em qualquer
pessoa sonhadora, é muito fácil o espectador se identificar com os personagens
principais justamente pela empatia gerada pelo casal principal, Emma Stone confere
a Mia uma atmosfera de nostalgia e de sonho, vemos os olhos da atriz brilhando
em praticamente todo o filme e principalmente: vemos esperança e fé em um
sonho. Ryan Gosling, além de ter passado a vontade de vencer através de um tom
de voz calmo, que é irônico e bem humorado ao mesmo tempo, ainda passa a
nostalgia usando a musica, o jazz clássico é tão presente na vida do rapaz
quanto as roupas em cor neutra que ele usa com frequência.
Por falar em roupas, o figurino é muito importante para
contar a historia e passar uma mensagem, as cores são muito importantes para
expor sentimentos, Mia usa roupas em que tons claros são dominantes, verde,
vermelho, amarelo, azul, são algumas das cores que ela usa, e essas cores
combinam com os ambientes em que as cenas se passam, o apartamento que ela
divide com as amigas é um bom exemplo disso, cada cor de cada cômodo - que são azul
vermelho e verde - combinam com os vestidos que as quatro estão usando no
momento, além de tudo isso combinar com o sofá vermelho e branco. Isso é
reflexo de um trabalho impecável do design de produção e figurino.
A projeção é rodada em Cinemascope – que é uma tecnologia
que deu inicio a filmagem de filme em widescreen -, isso é visto nas cenas que
também são números musicais, que são mostrados em planos abertos, grandes, panorâmicas
e até mesmo em planos sequencia, o que é uma qualidade pois o público consegue
ver exatamente como funciona o número musical, vemos os atores dançando e
conseguimos ver toda a coreografia por conta dos planos acima, e por vivermos
em uma época em que as sequencias musicais são construídas através de cortes
feitos na montagem, as cenas musicais serem expostas em grandes planos é uma
decisão acertada do diretor.
E isso, torna possível ao espectador ver todas as
referencias aos filmes clássicos de Hollywood, referencias estas que são sutis,
pequenas, simples e se tornam elegantes por se encaixar perfeitamente na cena,
a cena não poderia acontecer sem elas, como, por exemplo, quando Ryan Gosling
gira levemente em um poste, remete a “Cantando na Chuva”, ou quando ele é
mostrado por trás, de forma que vemos seus ombros e os cabelos remete a uma
cena de Interlúdio de Alfred Hitchcock, assim como quando Emma Stone entra no
restaurante em que o personagem de Gosling trabalha no natal, é uma homenagem a
Casablanca, a cena quando Ingrid Bergman entra no clube que é do personagem de
Humphrey Bogart.
Com referencias elegantes, montagem acertada, planos longos
que possibilitam que vejamos o trabalho dos artistas de forma clara durante os
números, Damien Chazelle acerta em fazer de “La La Land” um filme nostálgico,
bonito, que tem atuações ótimas em seus personagens principais e ainda da uma
esperança necessária em tempos como os que vivemos atualmente.
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