2/06/2017 01:45:00 PM

Crítica: La La Land



O cinema ao passar dos anos nos deu várias obras que são metalinguísticas, que descrevem a própria arte em seus bastidores, “A Noite Americana” do Truffaut, “Oito e meio” do Fellini e “Cantando na Chuva” de Stanley Donen e Gene Kelly. Esse “La La Land”, além de descrever a arte internamente, de remeter aos musicais clássicos de Hollywood, ele ainda usa a nostalgia como força para o seu enredo.

Dirigido por Damien Chazelle do excelente Whiplash, “La La Land” conta a história de Mia – Emma Stone - atriz que foi tentar a sorte na carreira em Hollywood e  Sebastian – Ryan Gosling – que é um pianista, que tem como paixão o Jazz e que sonha em abrir seu próprio clube.  E a projeção é justamente sobre sonhos, sonhos que podem ser identificados em qualquer pessoa sonhadora, é muito fácil o espectador se identificar com os personagens principais justamente pela empatia gerada pelo casal principal, Emma Stone confere a Mia uma atmosfera de nostalgia e de sonho, vemos os olhos da atriz brilhando em praticamente todo o filme e principalmente: vemos esperança e fé em um sonho. Ryan Gosling, além de ter passado a vontade de vencer através de um tom de voz calmo, que é irônico e bem humorado ao mesmo tempo, ainda passa a nostalgia usando a musica, o jazz clássico é tão presente na vida do rapaz quanto as roupas em cor neutra que ele usa com frequência.




Por falar em roupas, o figurino é muito importante para contar a historia e passar uma mensagem, as cores são muito importantes para expor sentimentos, Mia usa roupas em que tons claros são dominantes, verde, vermelho, amarelo, azul, são algumas das cores que ela usa, e essas cores combinam com os ambientes em que as cenas se passam, o apartamento que ela divide com as amigas é um bom exemplo disso, cada cor de cada cômodo - que são azul vermelho e verde - combinam com os vestidos que as quatro estão usando no momento, além de tudo isso combinar com o sofá vermelho e branco. Isso é reflexo de um trabalho impecável do design de produção e figurino.

A projeção é rodada em Cinemascope – que é uma tecnologia que deu inicio a filmagem de filme em widescreen -, isso é visto nas cenas que também são números musicais, que são mostrados em planos abertos, grandes, panorâmicas e até mesmo em planos sequencia, o que é uma qualidade pois o público consegue ver exatamente como funciona o número musical, vemos os atores dançando e conseguimos ver toda a coreografia por conta dos planos acima, e por vivermos em uma época em que as sequencias musicais são construídas através de cortes feitos na montagem, as cenas musicais serem expostas em grandes planos é uma decisão acertada do diretor.

E isso, torna possível ao espectador ver todas as referencias aos filmes clássicos de Hollywood, referencias estas que são sutis, pequenas, simples e se tornam elegantes por se encaixar perfeitamente na cena, a cena não poderia acontecer sem elas, como, por exemplo, quando Ryan Gosling gira levemente em um poste, remete a “Cantando na Chuva”, ou quando ele é mostrado por trás, de forma que vemos seus ombros e os cabelos remete a uma cena de Interlúdio de Alfred Hitchcock, assim como quando Emma Stone entra no restaurante em que o personagem de Gosling trabalha no natal, é uma homenagem a Casablanca, a cena quando Ingrid Bergman entra no clube que é do personagem de Humphrey Bogart.

Com referencias elegantes, montagem acertada, planos longos que possibilitam que vejamos o trabalho dos artistas de forma clara durante os números, Damien Chazelle acerta em fazer de “La La Land” um filme nostálgico, bonito, que tem atuações ótimas em seus personagens principais e ainda da uma esperança necessária em tempos como os que vivemos atualmente.


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