Imagem: Universal Pictures / Divulgação |
Algo recorrente nos filmes é o crescimento, seja psicológico ou físico, de um personagem principal, a sétima arte gosta de expor a evolução, os erros e os acertos no caminho, mas principalmente os aprendizados, estes costumam ser o foco da obra, seja qual for e independente da idade do protagonista.
Isso já foi feito várias vezes no cinema, a saga “Antoine
Doinel” de François Truffaut e mais recente “Boyhood – Da infância a juventude”
de Richard Linklater, são bons exemplos disso. Mas “Lady Bird”, consegue não
soar repetitivo, mesmo que o seu tema seja algo batido hoje em dia.
Dirigido por Greta Gerwig – atriz, conhecida pelos filmes “Frances
Ha” e “Lola Contra o Mundo” – e esta é a sua estreia na direção, a obra conta a
história de Christine “Lady Bird” McPherson (interpretada por Saoirse Ronan, de
“Brooklyn”). Uma aluna em seu último ano de ensino médio, acompanhamos sua
jornada rumo a faculdade, que conta com várias descobertas e primeiras experiências
no meio do caminho.
O ponto alto do filme sem dúvida alguma é a sua
sensibilidade, principalmente para as pessoas com a situação financeira e de
vida similar a de Christine. A empatia se torna fácil devido a isso e também
por conta da proximidade da câmera dos personagens, estando sempre perto de
cada um deles, independente do seu grau de importância, podemos perceber como a
personagem principal os enxerga e como ela pode agir em relação a eles.
Justamente nesse modo de agir, nas atitudes dela, é onde os diálogos
focam, pois na maioria das situações, por ser uma personagem em crescimento,
ela expõe isso em suas falas, e assim, as conversas entre ela e a amiga Julie, e
principalmente, entre ela e a mãe Marion (Lauren Metcalf), onde moram as
melhores cenas do filme.
Além disso, os diálogos são bem encaixados com a montagem
alternada em alguns momentos, fazendo as falas se tornarem narrações de
acontecimentos passados ou futuros – a cena mais comovente é montada dessa
maneira – e com a câmera próxima, a sensibilidade criada pelas falas e pela
trilha sonora musical leve se potencializa de maneira simples, natural, sem em
nenhum momento se tornar forçada.
Mas, um aspecto essencial para a sensibilidade funcionar,
são as atuações, Saoirse Ronan e Lauren Metcalf oferecem grandes desempenhos
aqui. A primeira prova a facilidade de se adaptar a qualquer tipo de papel, se
em “Brooklyn” ela é a uma jovem adulta saindo da zona de conforto, aqui ela é
uma adolescente iniciando o processo de transferência para a vida adulta, e
isso fica claro em seu visual, mais magra e com olhar juvenil, ela convence em
passar uma imagem da adolescente que é a sua personagem, e usa isso em suas
explosões de raiva, em seus choros e nas risadas escandalosas e acrescentando a isso, Ronan consegue passar muito bem as atitudes
juvenis da personagem, pois as escolhas dela, como largar a melhor amiga para
tentar impressionar outra pessoa, preferir não ser ela e assim, aprendendo
que o caminho correto em qualquer momento, é ser sempre ela mesma
Por outro lado, Laurie Metcalf com seu olhar frio e ao mesmo tempo afetuoso, deixa bem claro que ama a filha, mas realiza sacrifícios altos (tanto ela como o pai) para conseguirem viver com o mínimo possível, e apesar de grossa e de atitudes passiva – agressiva em alguns momentos, o amor dela pela família nunca fica em xeque.
Por outro lado, Laurie Metcalf com seu olhar frio e ao mesmo tempo afetuoso, deixa bem claro que ama a filha, mas realiza sacrifícios altos (tanto ela como o pai) para conseguirem viver com o mínimo possível, e apesar de grossa e de atitudes passiva – agressiva em alguns momentos, o amor dela pela família nunca fica em xeque.
Portanto, em seu primeiro filme na direção, Greta Gerwig
estreia bem, mostrando habilidade técnica, roteiro bem escrito e sem brechas,
ousadia em determinados pontos e principalmente, sensibilidade para expor uma
história que não é fácil em nenhum momento, mesmo com as risadas altas e agradáveis
de Lady Bird.
Nenhum comentário:
Postar um comentário