2/17/2018 12:34:00 AM

Crítica: Com amor, Van Gogh

Com amor, Van Gogh
Imagem: Europa Filmes / Divulgação

Não é à toa que o pintor Vincent Van Gogh, é considerado o pai da arte moderna. Graças a seu estilo de desenho e pintura, a sua habilidade em descrever sentimentos, sensações e de contar histórias através de suas obras faz dele um dos mais brilhantes (senão o mais brilhante) pintores já existentes.

Com um estilo de pinceladas não ortodoxo (como a maioria dos grandes pintores), é muito difícil copiar seus traços, o jeito de dispor a cor e a forma de fazer naturezas mortas se tornarem vivas, mais vivas na tela do que na vida real.

Sabendo disso, o que “Com Amor, Van Gogh” faz tecnicamente é brilhante, pois todo o filme, cada quadro foi pintado por uma equipe partindo dos quadros de Van Gogh, ou seja, a obra é uma animação com base nas várias pinturas, nas quase 900 pintadas por ele, sendo a maioria nos últimos dois anos de sua vida.



Dirigido por Dorota Kobiela e Hugh Welchman, a obra acompanha Armand Roulin (Douglas Booth), filho do carteiro que era amigo de Van Gogh. Um ano após o suicídio do pintor, é encontrada uma carta destinada ao irmão mais novo, Theo, que nunca chegou onde deveria. Roulin, após ser obrigado pelo pai, tem que entregar a carta ao irmão ainda vivo, e sai em viagem para o interior da França, onde Vincent faleceu.

Além de ter sido feito todo em animação – como dito acima, no estilo das pinturas de Van Gogh, para uma homenagem – toda a obra é disposta em uma proporção de tela como se fosse justamente isso, uma tela, um quadro, como se toda a projeção fosse uma das pinturas de seu personagem principal.

Porque sim, Vincent Van Gogh é o personagem principal desse filme, mesmo que acompanhemos Roulin, o pintor e a morte deste, as circunstancias dos fatos, são o foco da obra, é aquilo que mantem o filme em constante movimento. A investigação realizada pelo filho do carteiro – ele desconfia que o pintor não se suicidou – mantem a história sempre com algo acontecendo.

Fora o aspecto visual da projeção, algo que vale destacar é como Douglas Booth no papel de Roulin, nunca esconde que não gosta de Van Gogh, e com o passar do tempo e os avanços nas conversas com amigos e colegas do pintor o fazem ir mudando de maneira gradual sua opinião sobre ele, de odiado e causador de um ciúme dele em relação ao pai para uma pessoa solitária, triste e com vontade de se provar para uma sociedade tentando derruba-lo.

Portanto, “Com Amor, Van Gogh” é uma obra que chama muito mais a atenção pelo aspecto técnico, ao mesmo tempo em que é ousado, é claramente uma declaração de amor e admiração pelo artista abordado. 

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