1/24/2019 12:00:00 AM

Crítica: Green Book - O Guia

Green Book - O Guia
Imagem: Diamond Films / CRÍTICA
Assistir a “Green Book – O Guia” é basicamente assistir uma versão piorada de “Conduzindo Miss Daisy” (1989, dirigido por Bruce Beresford), já que, se o filme vencedor do Oscar de Melhor Filme e protagonizado por Morgan Freeman, consegue funcionar naquilo que propõe, “Green Book” é uma obra que é carregada pelos seus dois interpretes principais, Mahershala Ali e Viggo Mortensen.

Dirigido por Peter Farrelly e escrito por ele em colaboração com outras duas pessoas, a obra conta a história de Tony Vallelonga, conhecido como Tony Bocudo e interpretado por Mortensen, um homem que trabalha como segurança de um bar popular nos anos 60 (época em que o filme se passa). Após o local fechar e ele ficar sem emprego, ele passa a trabalhar como motorista para o músico Donald Shirley (Ali), o levando para as cidades onde se apresentará com seu trio. Um branco e outro negro, a história busca tratar a dinâmica dos dois e a questão social dos EUA na época com humor.

Porém, não consegue cumprir esse objetivo, já que o roteiro é repleto de clichês, o racismo não é levado a sério e a direção do filme praticamente não existe, com todos os outros aspectos da técnica, principalmente montagem e fotografia, não fugindo do convencional.

O roteiro cheio de clichês, trata o racismo como um mal exclusivo da época na qual o filme se passa e insere situações na qual Shirley sofre com isso de maneira inorgânica, como se ele apenas sofresse racismo quando visita lanchonetes, hotéis e restaurantes, ou como se sua profissão fosse isenta disso, mesmo que ele passe por situações de preconceito em uma das apresentações (como se fosse possível o racismo estar presente em apenas uma casa).

Logo, a obra ignora que o racismo que foi abordado de forma superficial (na falta de palavra melhor), ainda continua e está pior do que era antes, não se resumindo apenas nas situações (sérias, obviamente), que Shirley sofre dentro de alguns estabelecimentos.

Os protagonistas são completamente diferentes, mas se dão bem porque se mostram abertos a conversar e a escutar um ao outro, buscando aprofundar uma relação que poderia ter sido apenas de “patrão – empregado”. Mas, ainda assim, a amizade deles claramente evoluiu, porém, eles como pessoa não parecem ter mudado, já que Tony ainda continua propagando atitudes racistas e Shirley continua usando sua inteligência como justificativa para o seu pedantismo e prepotência.

Ainda assim, é notável que tanto Mahershala Ali, quanto Viggo Mortensen, fazem muito com o pouco que tem disponível, já que o roteiro e os diálogos tentam forçar algum sentimento a todo custo, seja ele o riso ou o choro. Ambos compõem bem os seus papeis e tem trejeitos que não soam como forçados, o jeito rústico de Tony é feito com maestria por Mortensen, um ator seguro e a voz fina e a prepotência de Shirley dão ao personagem um ar de mistério que é interessante, não pelo personagem em si, mas pela forma que Ali consegue encaixar essas características no papel de forma natural.

Portanto, “Green Book – O Guia” é um filme que tenta ser uma obra que faça o público se sentir bem no fim da projeção e talvez consiga, já que tem todas as ferramentas para isso, mas, ainda assim, o mais do mesmo e a falta de inovação fazem o postulante ao Oscar ser tedioso do começo ao fim.

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