Imagem: DIVULGAÇÃO |
Em “Infiltrado na Klan”, novo filme do diretor, vencedor do Grande Prêmio do Júri no Festival de Cannes de 2018, Lee mantem a tradição de aprofundar o movimento negro, mas, usando uma história diferente, mais movimentada do que seus filmes costumam ser.
Ron Stallworth (John David Washington) é um policial negro que acaba de entrar no departamento de polícia de sua cidade. Ao entrar em contato com a Ku Klux Klan, para realizar uma investigação, ele consegue se infiltrar nela, então, para comparecer as reuniões organizadas pelos membros, Flip (Adam Driver) vai aos encontros no lugar dele, já que este último é branco e o outro negro, assim, Ron se comunica com eles via telefone e Flip pessoalmente.
Lee usa o conflito de ideologias e o avanço disso na figura de Flip, junto a investigação principal, para criar uma trama complexa, ritmada através de cortes bem encaixados e movimentos de câmera concisos, de forma a não confundir o público nas duas horas e quinze de projeção.
Esses movimentos, são em geral para frente ou para os lados, de forma a dar vazão aos diálogos bem escritos por uma equipe de quatro pessoas e também usando os enquadramentos para deixar bem claro quem é bom e quem é mal, assim, a decisão do diretor de enquadrar, de baixo para cima, os personagens que são membros da Klan, serve para potencializar o mal que eles representam.
Além de, através dessa escolha de posicionamento de câmera, expor um conflito de ideologias e aceitação por parte de Flip, já que este passa a se aceitar como judeu, na medida em que vai participando e discordando dos pensamentos que escuta nas reuniões da Klan, entendendo parte do que Ron passa por toda a sua vida.
Ou seja, a investigação realizada pelos dois deixa de ser um trabalho, para ser uma luta por igualdade. Luta que é histórica e acontece desde da época da colonização, Lee mostra isso de forma inteligente, utilizando filmes considerados importantes na história do cinema, mas que são abertamente racistas, como “O Nascimento de uma Nação” (D.W. Griffith – 1914) e “... E o vento levou” (Victor Fleming – 1939), em duas cenas importantes da obra, uma delas no começo, o discurso feito pelo personagem de Alec Baldwin tem cenas dos dois filmes, e a outra no terceiro ato, na ocasião em que uma reunião do movimento negro e outra da Ku Klux Klan acontece ao mesmo tempo e em ambas se debatem o filme de Griffith e como este influenciou no momento do filme.
As atuações de John David Washington e Adam Driver são inteligentes ao usar essa luta e a crítica que o diretor faz, na construção de seus personagens. Se Flip, como já dito, vai mudando na medida em que discorda de tudo aquilo que vê, Ron – e Washington faz isso muito bem – é um otimista, que acredita que tudo de fato pode dar certo, sua ingenuidade é embasada por este otimismo e é isso que o faz continuar lutando e trabalhando mesmo com tudo que sofre.
O roteiro do filme, em dados momentos, pende para um clichê incomodo frequente em obras policiais, que mostra a investigação terminada e como consequência imediata, o fim daquele tipo de crime, Lee consegue fugir disso, não dando a luta por terminada, nas duas cenas finais da obra, seja aquela em que mostra o ritual ou as imagens reais que ele colheu de manifestações norte americanas do ano de 2017, ambas tem o mesmo objetivo, expor que a investigação foi um passo essencial mas não foi o passo final.
Portanto, “Infiltrado na Klan” é um filme que sabe o peso que tem e sabe como passar esse peso para o público, não se perdendo na duração da projeção, com harmonia em seu ritmo, boas atuações e uma direção de um realizador acima da média, que conhece a cultura de sua raça e sabe como usa-la em seus trabalhos.
Lee usa o conflito de ideologias e o avanço disso na figura de Flip, junto a investigação principal, para criar uma trama complexa, ritmada através de cortes bem encaixados e movimentos de câmera concisos, de forma a não confundir o público nas duas horas e quinze de projeção.
Esses movimentos, são em geral para frente ou para os lados, de forma a dar vazão aos diálogos bem escritos por uma equipe de quatro pessoas e também usando os enquadramentos para deixar bem claro quem é bom e quem é mal, assim, a decisão do diretor de enquadrar, de baixo para cima, os personagens que são membros da Klan, serve para potencializar o mal que eles representam.
Além de, através dessa escolha de posicionamento de câmera, expor um conflito de ideologias e aceitação por parte de Flip, já que este passa a se aceitar como judeu, na medida em que vai participando e discordando dos pensamentos que escuta nas reuniões da Klan, entendendo parte do que Ron passa por toda a sua vida.
Ou seja, a investigação realizada pelos dois deixa de ser um trabalho, para ser uma luta por igualdade. Luta que é histórica e acontece desde da época da colonização, Lee mostra isso de forma inteligente, utilizando filmes considerados importantes na história do cinema, mas que são abertamente racistas, como “O Nascimento de uma Nação” (D.W. Griffith – 1914) e “... E o vento levou” (Victor Fleming – 1939), em duas cenas importantes da obra, uma delas no começo, o discurso feito pelo personagem de Alec Baldwin tem cenas dos dois filmes, e a outra no terceiro ato, na ocasião em que uma reunião do movimento negro e outra da Ku Klux Klan acontece ao mesmo tempo e em ambas se debatem o filme de Griffith e como este influenciou no momento do filme.
As atuações de John David Washington e Adam Driver são inteligentes ao usar essa luta e a crítica que o diretor faz, na construção de seus personagens. Se Flip, como já dito, vai mudando na medida em que discorda de tudo aquilo que vê, Ron – e Washington faz isso muito bem – é um otimista, que acredita que tudo de fato pode dar certo, sua ingenuidade é embasada por este otimismo e é isso que o faz continuar lutando e trabalhando mesmo com tudo que sofre.
O roteiro do filme, em dados momentos, pende para um clichê incomodo frequente em obras policiais, que mostra a investigação terminada e como consequência imediata, o fim daquele tipo de crime, Lee consegue fugir disso, não dando a luta por terminada, nas duas cenas finais da obra, seja aquela em que mostra o ritual ou as imagens reais que ele colheu de manifestações norte americanas do ano de 2017, ambas tem o mesmo objetivo, expor que a investigação foi um passo essencial mas não foi o passo final.
Portanto, “Infiltrado na Klan” é um filme que sabe o peso que tem e sabe como passar esse peso para o público, não se perdendo na duração da projeção, com harmonia em seu ritmo, boas atuações e uma direção de um realizador acima da média, que conhece a cultura de sua raça e sabe como usa-la em seus trabalhos.
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